Em 1980 realizou-se a primeira edição dos Encontros de Fotografia. Ao longo destes 22 anos, os Encontros de Fotografia desenvolveram um trabalho caracterizado pela excelência da sua programação, onde se destaca a apresentação de exposições de fotógrafos incontornáveis da História da Fotografia, a encomenda de projectos específicos a artistas reconhecidos no circuito da arte internacional e a aposta em autores portugueses. Assim, os Encontros de Fotografia apresentaram regularmente em Portugal um conjunto significativo de exposições. Citem-se, a título de exemplo, as seguintes: por um lado, retrospectivas de fotógrafos relevantes, tais como Édouard Boubat, Henri Cartier Bresson, Joel-Peter Witkin, Manuel Alvarez Bravo, Ralph Eugene Meatyard, Robert Frank e Walker Evans; por outro lado, importantes mostras colectivas, tais como "Fotografia Subjectiva Alemã", "Fotografia da Bauhaus", "Vanguarda Russa (Fotografia e Cinema)" e "Colecção Graham Nash". Mas os Encontros de Fotografia também dedicaram, desde a primeira hora, uma especial atenção à fotografia portuguesa, contribuindo decisivamente para a revelação de obras desconhecidas, para a afirmação das carreiras artísticas de inúmeros fotógrafos e para o lançamento de novos valores. Assim, mostraram-se nomes como Álvaro Rosendo, António Júlio Duarte, Daniel Blaufuks, Duarte Belo, Gérard Castello Lopes, Inês Gonçalves, João Tabarra, Jorge Molder, José Maçãs de Carvalho, José Manuel Rodrigues, Paulo Nozolino, Pepe Diniz, Vitor Palla e muitos outros. Os Encontros apostaram igualmente na investigação da história passada da fotografia portuguesa. Como tal, revisitaram-se autores semi-esquecidos ou mesmo totalmente desconhecidos do século XIX e XX, inspirando-se em monografias várias e criando o desejo de uma produção histórica e crítica cada vez mais rigorosa. A título de exemplo, citem-se os seguintes projectos: "Viagens em Angola, 1877-1897", de J.A. da Cunha Moraes; "No Trilho dos Cavalos de Ferro", da Casa Biel; "O Douro de Alvão", de Domingos Alvão; "Na Índia dos Vice-Reis, Imagens da Saudade Antecipada", de Souza & Paúl e Adolpho Moniz; "Finisterra", de Orlando Ribeiro. Os Encontros de Fotografia também encetaram pontes de diálogo com a produção internacional, procurando sempre desenvolver uma vertente experimentalista, um espaço da inovação estética, introduzindo temas que explicitem os rumos actuais da fotografia. Tornaram-se assim um grande evento da arte contemporânea centrado na fotografia, estabelecendo raízes e percursos da imagem fotográfica, em sentido amplo, na prática dos artistas de hoje. A título de exemplo citem-se os trabalhos de Andreas Müller-Pohle, Andreas Gursky, Bernard Plossu, Cristina Garcia Rodero, Debbie Fleming Caffery, Frédéric Bellay, Hamish Fulton, Hiroshi Sugimoto, Humberto Rivas, Luigi Ghirri, Nobuyoshi Araki ou Walter Niedermayr. A partir de 1993, a linha orientadora dos Encontros de Fotografia tornou-se fortemente tematizada, seguindo um critério que se considera responder aos desafios colocados por uma esfera cultural em permanente mutação e onde o papel desempenhado pelas instituições artísticas é cada vez mais significativo. Deste esforço resultaram exposições temáticas totalmente produzidas pelos Encontros de Fotografia, das quais se destacam "Itinerários de Fronteira", em 1994, "Terras do Norte", em 1995, e "Sul" em 1996 (projecto "Portugal, Fim de Século"), bem como "Europa", em 1997 e "Paisagens do Quotidiano", em 1998 (projecto "Europa"). Foi desde então que os Encontros de Fotografia se afirmaram como o mais importante agente de divulgação e produção de fotografia no nosso país, tendo através da produção realizado exposições temáticas em que intervieram fotógrafos nacionais e estrangeiros. Assim, os Encontros de Fotografia construíram, além de uma importante Colecção de Fotografia, um corpo de imagens sobre o país no final do século XX, cujo valor documental e estético é inegável.