Subitamente, sem qualquer sinal de aviso, penetrei numa outra dimensão do espaço e do tempo. Já não me encontrava naquela Beijing que tinha conhecido durante quase uma semana. As grandes avenidas apagaram-se, as memórias de um passado Imperial não estavam aqui. Na vez dos arranha-céus de vidro espelhado, via casas de piso térreo. 10 minutos antes atravessava largas avenidas com centenas de pessoas anónimas, e naquele local observava uma aldeia de vizinhos, com o seu mercado de rua, vendendo e comprando galinhas, peixes, legumes, frutas. Como ocidental, ainda me arrepio ao pensar nesta sensação de viajar no tempo, ao virar da esquina. Ainda era uma Beijing não encantada com o estrangeiro e com o progresso, ainda ciosa do seu quotidiano de aldeia e banal, cada vez mais raro nos nossos dias. Tive a nítida sensação que estava a assistir ao fim de uma era que inexplicavelmente tinha sobrevivido até aos nossos dias. Que aquele tipo de local era incompatível com as outras experiências de modernidade e progresso que tinha presenciado em Beijing. Que aquele local, com a sua peculiar forma de organização física e social estava ameaçado. Foi assim o meu primeiro contacto em Agosto de 2005, com os Hutongs de Beijing na parte Sul (sudeste). Os Hutongs, as ruas tradicionais de Beijing, e as Siheyuan, as casas de pátio quadrado, que nos remontam á visão urbanística de Kublai Khan, contemporâneo de Marco Polo, estão a desaparecer muito rapidamente. Beijing está a atravessar uma fase impar de rápida transformação urbana sobretudo devido ás pressões urbanísticas causadas pelo acelerado desenvolvimento económico, e pela aproximação dos Jogos Olímpicos de 2008. …
Título: Fading Hutongs
Número de páginas: 95
Ano: 2008
País: Portugal
Cidade: Porto
ISBN/ISSN: 978-972-98971-5-3
Largura (mm): 310
Altura (mm): 246
Tipo de capa: Capa dura
Tipos de papel: Epson Ultrasmooth
Tipos de encadernação: Brochura
Tipos de impressão: