A zona actualmente designada por Alvalade era essencialmente agrícola antes da década de 1940. Alvalade seria o primeiro bairro da cidade a obedecer aos critérios modernistas de urbanização. O bairro deveria encarnar o sonho de uma Lisboa moderna e a ideia de ordem que o regime estava interessado em promover. As mais recentes teorias do urbanismo foram ali misturadas e traduzidas numa estética tradicionalista capaz de as digerir. O bairro foi pensado para albergar todas as classes sociais em diferentes tipos de habitação, em torno de oito escolas diferentes. Actualmente, Alvalade é um local bastante tranquilo, apesar de algumas coisas terem mudado. Foi construído um aeroporto ao lado e os aviões que transportam sobretudo turistas aterram e partem a cada 4 ou 5 minutos, voando baixo sobre as casas das pessoas. Os antigos apartamentos destinados aos pobres valorizaram-se, mas continuam a ser demasiado pequenos para serem interessantes para a classe alta, ainda alojada nas casas maiores do outro lado da Avenida de Roma. Os adolescentes encontram-se aqui e ali depois da escola, em pequenos grupos. Há verde por todo o lado: árvores, flores, pequenos jardins entre os prédios. O interesse de Federico Clavarino reside na forma como o passado e o presente se sobrepõem e interferem um com o outro, desacreditando a ideia de um progresso linear; na forma como os objectos, as imagens e os gestos incorporam a ideologia; na forma como as forças invisíveis da imaginação política moldam o mundo visível e, no entanto, não conseguem controlar totalmente a realidade quotidiana que é feita por aqueles que, de facto, habitam os espaços.
Título: Alvalade
Edição: 1ª
Número de páginas: 64
Ano: 2019
País: Portugal
Cidade: Lisboa
ISBN/ISSN: 978-989-99063-8-9
Largura (mm): 195
Altura (mm): 275
Tipo de capa: Capa dura
Tipos de encadernação: Brochura
Tipos de impressão: Offset