Uma noite, num bar do Bairro Alto em Lisboa, o meu amigo J. F. N. disse-me que tinha a chave da carpintaria da Central Tejo em Belém. Eu disse que gostaria muito de ir lá fotografar e introduzir corpos no espaço desativado. O João convidou o ex-namorado e fomos para lá no dia 8 de setembro de 1991. Passámos lá o dia. Acompanhei-os pelo espaço que estavam a sentir e a experimentar até à exaustão. Eles foram-se despindo, misturando os seus corpos com os materiais. A matéria impregnava os seus corpos. Os corpos tornavam-se matéria. Observei e fotografei. Uma performance espontânea num espaço industrial abandonado. Ferro, madeira, serradura, escadas, lençol branco, objectos, pó, luz. O calor do verão e a humidade do rio transformaram tudo em matéria. A experiência do corpo em contacto com o ferro, com as aparas de madeira, o reencontro, estar ali como um voyeur, não provocar, deixar fluir. Uma doce dança lenta.
Título: Matérias
Edição: 1ª
Número de páginas: 192
Ano: 2022
País: Portugal
Cidade: Lisboa
ISBN/ISSN: 978-989-53182-5-4
Largura (mm): 240
Altura (mm): 305
Tipo de capa: Capa flexível
Tipos de encadernação: Brochura com Fita de Tecido
Tipos de impressão: Offset