Numa era digital, o fluxo interminável de imagens armazenadas na nuvem preenche as lacunas do que pode ser esquecido. Nos seus projectos anteriores, Michaela Putz lidou com estas implicações da tecnologia e do armazenamento virtual de imagens e da memória. O arquivo de imagens da própria artista de diferentes fases da sua vida, armazenado no computador e no smartphone, serve de matéria-prima para este projeto. Numa espécie de retrospetiva digital, estas imagens são fotografadas e documentadas diretamente a partir do ecrã, sendo também registadas as impressões digitais e os restos de pó sobre elas, bem como o ponteiro do rato e os artefactos digitais criados pelo zoom das imagens. Por vezes, são retocadas e esbatidas digitalmente, outras vezes, foram tiradas várias vezes com a câmara do smartphone, tornando-as pixelizadas, dissolvendo ligeiramente a imagem original. Com isto, as obras pretendem sondar visualmente as lacunas entre a memória humana e a digital, aproximando as imagens digitais constituídas por dados em bruto da efemeridade e imprecisão da memória humana. Fazer uma publicação com estas imagens não só estabelece uma ligação entre elas, como também nos leva a refletir sobre a forma como lidamos com material de imagem analógico e digital. Apesar de as imagens digitais parecerem ser apenas dados, estão constantemente a ser tocadas: Estamos a limpar e a deslizar, a fazer zoom e a tocar nelas através do ecrã. O livro tenta ter em conta estas diferentes qualidades e ligar os processos digitais e analógicos de olhar para as imagens a partir do nosso passado.
Título: Palinopsia
Edição: 1ª
Número de páginas: 64
Ano: 2021
País: Portugal
Cidade: Lisboa
ISBN/ISSN: 978-989-53182-1-6
Largura (mm): 240
Altura (mm): 160
Tipo de capa: Capa dura
Tipos de encadernação: Brochura à Vista
Tipos de impressão: Offset